Espondilolistese: o que é e quando se preocupar

Ellano Pontes • 27 de maio de 2025

Você já ouviu ou leu a palavra espondilolistese em um laudo de ressonância ou tomografia da coluna? Apesar do nome complicado, essa condição é mais comum do que parece — e nem sempre é motivo para preocupação imediata.

Neste artigo, vou te explicar de forma simples o que é a espondilolistese, quais os sintomas mais comuns e quando pode ser necessário algum tratamento específico.

O que é espondilolistese?

Espondilolistese é o termo médico para o escorregamento de uma vértebra em relação à vértebra adjacente inferior. Esse deslizamento pode ser anterior (anterolistese) ou, menos frequentemente, posterior (retrolistese). A condição pode ser assintomática ou provocar sintomas significativos, dependendo do grau de deslizamento e da compressão das estruturas nervosas.



O termo vem do grego:

  • spondylos = vértebra
  • olisthesis = deslizar
Radiografia de coluna lombar mostrando espondilolistese L5-S1, ou seja, o deslizamento da última vértebra lombar (L5) sobre a primeira vértebra sacral (S1). Observe o alinhamento da vértebra L5 com a vértebra acima (em vermelho) e a distância (em amarelo) da linha atrás da vértebra L5 em relação a linha atrás da vértebra S1 (em azul).

Tipos mais comuns

  1. Degenerativa:
    Acontece geralmente em pessoas acima dos 50 anos por desgaste das articulações da coluna. É a mais comum em adultos.
  2. Ístmica:
    Ocorre em pessoas mais jovens, por uma fratura de estresse (geralmente por repetição de esfor
    ço físico) numa região chamada pars interarticularis.
  3. Congênita:
    Quando a pessoa já nasce com alterações na formação das vértebras.
  4. Traumática ou pós-cirúrgica:
    Pode acontecer após acidentes ou cirurgias da coluna.
    

Quais são os sintomas?

Nem toda espondilolistese causa dor. Em muitos casos, o diagnóstico é feito por acaso, em exames de imagem solicitados por outros motivos.
Quando há sintomas, os mais comuns são:

  • Dor lombar que piora com o movimento
  • Rigidez na coluna
  • Dor irradiada para as pernas (quando há compressão de nervos)
  • Sensação de fraqueza ou dormência nos membros inferiores

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é realizado por meio de:



  • Exame físico: avaliação da postura, mobilidade e sintomas neurológicos.
  • Radiografias: identificam o deslizamento vertebral.
  • Ressonância magnética (RM): avalia compressão de nervos e tecidos moles.
  • Tomografia computadorizada (TC): detalha a anatomia óssea.


Tomografia computadorizada de coluna lombar mostrando espondilolistese entre a quarta (L4) e quinta (L5) vértebras lombares.
Ressonância magnética de coluna lombar mostrando espondilolistese entre a quarta (L4) e quinta (L5) vértebras lombares.

É grave? Precisa operar?

Na maioria das vezes, não é necessário cirurgia. O tratamento conservador costuma ser suficiente e pode incluir:

  • Reforço muscular com fisioterapia
  • Ajustes posturais
  • Medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios
  • Exercícios orientados

Casos mais graves ou com compressão nervosa importante, perda de força, ou falha no tratamento conservador podem se beneficiar de cirurgia — que hoje pode ser feita de forma minimamente invasiva em muitos casos.

Como é a cirurgia para espondilolistese?

Nos casos em que o tratamento conservador não resolve, ou quando há compressão importante dos nervos, a cirurgia pode ser indicada.

O objetivo do procedimento é descomprimir os nervos e estabilizar a coluna. Isso pode envolver:


  • Descompressão: remoção de estruturas que estão comprimindo os nervos (como partes do disco ou osso).
  • Fusão (artrodese): colocação de parafusos e hastes para corrigir o alinhamento e fixar a vértebra na posição correta.

Radiografia de coluna lombar mostrando coluna com espondilolistese após tratamento com artrodese (fusão) das vértebras acometidas.

Em muitos casos, a cirurgia pode ser feita com técnicas minimamente invasivas, com cortes menores, menor sangramento e recuperação mais rápida.

A escolha da técnica depende do grau da espondilolistese, dos sintomas e da saúde geral do paciente.

Quando procurar um especialista?

Se você recebeu esse diagnóstico ou sente dores frequentes na coluna que afetam sua rotina, é importante passar por uma avaliação. Cada caso é único e, com o tratamento certo, é possível ter alívio da dor e voltar a uma vida ativa.

FAQ - Perguntas Frequentes

O que significa espondilolistese?

É o deslizamento de uma vértebra sobre a outra, causando desalinhamento da coluna.

Espondilolistese sempre causa dor?

Não. Alguns casos são assintomáticos, especialmente nos estágios iniciais.

Quais são os sintomas mais comuns?

Dor lombar, rigidez, dor irradiada para as pernas e, em casos graves, sintomas neurológicos como perda de força e sensibilidade nas pernas.

A espondilolistese pode piorar com o tempo?

Sim, especialmente se não for tratada adequadamente.

Quem tem espondilolistese pode praticar atividades físicas?

Sim, mas é importante evitar exercícios que sobrecarreguem a coluna e sempre consultar um especialista.

A cirurgia é sempre necessária?

Não. Muitos casos são tratados com sucesso por meio de métodos conservadores.

Espondilolistese pode ocorrer em crianças?

Sim, especialmente em casos congênitos ou em jovens atletas.

Agende sua avaliação

Está sentindo dores na coluna, formigamentos ou desconforto que afetam sua qualidade de vida? Não ignore os sinais do seu corpo. A espondilolistese tem tratamento — e quanto antes for diagnosticada, maiores as chances de evitar complicações.

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